A Ação Integralista Brasileira (AIB): O fascismo à brasileira



Parte 1 – Introdução e gênese do integralismo

O integralismo brasileiro é um dos capítulos mais singulares da história política do Brasil no século XX. Surgido nos anos 1930, consolidou-se como a mais forte experiência de um movimento de massas de extrema-direita na América Latina, inspirando-se no fascismo europeu, mas adaptando-se às particularidades nacionais. A Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada em 1932, liderada por Plínio Salgado e sustentada pelo lema “Deus, pátria e família”, buscava reorganizar a sociedade em bases autoritárias, antiliberais e anticomunistas. Mais do que uma simples corrente política, estruturou-se como movimento social, cultural, religioso e simbólico, ocupando espaço de destaque no cenário turbulento da Era Vargas.

O contexto em que nasceu a AIB é fundamental para compreendê-la. O Brasil dos anos 1930 vivia sob forte instabilidade política após a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. O fim da Primeira República e da chamada “política do café com leite” abriu espaço para a reorganização das forças políticas. O descontentamento de setores médios urbanos, o medo do comunismo — intensificado após a Revolução Russa e as mobilizações operárias — e a influência das correntes autoritárias europeias criaram um ambiente fértil para o florescimento de experiências como o integralismo.

Nesse cenário emergiu a figura de Plínio Salgado. Nascido em São Bento do Sapucaí (SP), jornalista, escritor e intelectual de perfil conservador, ele já havia se destacado nos círculos modernistas, em especial no movimento verde-amarelista, que buscava exaltar valores nacionalistas e tradicionais em oposição ao cosmopolitismo artístico. Sua viagem à Europa, em 1930, foi decisiva para sua trajetória. Nela, encontrou-se com Benito Mussolini em Roma, o que consolidou sua fascinação pelo fascismo italiano. O contato direto com o regime de Mussolini, somado ao ambiente de instabilidade brasileira, forneceu a inspiração para a construção de um movimento que fosse apresentado como “originalmente nacional”, mas que carregava evidentes marcas do fascismo europeu.

O passo inicial para a formação do integralismo foi a criação da Sociedade de Estudos Políticos (SEP), que reunia intelectuais interessados em debater alternativas à democracia liberal. Desse núcleo nasceu a Ação Integralista Brasileira. O lançamento público ocorreu em 7 de outubro de 1932, no Teatro Municipal de São Paulo, com a leitura do Manifesto de Outubro, redigido por Plínio Salgado. O documento, dividido em dez capítulos, estabelecia as bases ideológicas do movimento: crítica aos partidos políticos, exaltação da autoridade, defesa da família tradicional e de uma concepção espiritualista do Estado, contraposta ao materialismo do liberalismo e do comunismo. Ali já aparecia o tripé que se tornaria a marca da AIB: Deus, pátria e família.

O integralismo distinguiu-se por sua forte simbologia e pela capacidade de mobilizar massas por meio de rituais e propaganda. A adoção da camisa verde como uniforme, a saudação “Anauê!”, inspirada no tupi e acompanhada do gesto do braço estendido, e o uso do símbolo matemático sigma (∑), representando a soma das partes na unidade nacional, criavam um senso de pertencimento e identidade entre os militantes. Plínio Salgado era apresentado como chefe nacional, inatingível, quase uma figura messiânica. O movimento buscava oferecer não apenas uma alternativa política, mas também uma nova forma de vida coletiva.

Outro traço fundamental foi a ênfase no anticomunismo. O espectro do “perigo vermelho” tornou-se um dos maiores combustíveis do integralismo. Episódios como a Intentona Comunista de 1935 reforçaram a narrativa de que o Brasil estava ameaçado por uma conspiração internacional, justificando a necessidade de um movimento de ordem e disciplina. Esse discurso encontrou eco nas classes médias urbanas, nas elites temerosas de perder privilégios e em setores religiosos que viam no comunismo uma ameaça à fé. Nesse ponto, o integralismo demonstrou grande capacidade de captar medos difusos da sociedade e traduzi-los em mobilização política.

Embora buscasse negar qualquer dependência de modelos estrangeiros, o integralismo não escondia sua admiração por regimes autoritários europeus. As conexões com o fascismo italiano foram notórias, inclusive no apoio financeiro recebido de Mussolini, que via no movimento uma oportunidade de estender sua influência para a América do Sul. Contudo, o integralismo também incorporava elementos próprios, como a forte ligação com o catolicismo, o discurso de valorização da miscigenação e a tentativa de construir uma narrativa de identidade nacional autêntica. Esses traços conferiram-lhe o caráter de uma “jabuticaba fascista”, na expressão de alguns estudiosos.

Assim, a gênese do integralismo combina influências externas e internas. De um lado, insere-se no contexto global da ascensão dos fascismos nos anos 1920 e 1930; de outro, adapta-se ao ambiente brasileiro, marcado por religiosidade, por desigualdades sociais e por um nacionalismo peculiar. O resultado foi a criação de um movimento de massas que, pela primeira vez na história política brasileira, organizou centenas de milhares de pessoas em torno de um projeto autoritário e totalizante.


Parte 2 – Expansão e consolidação da AIB

Após a proclamação do Manifesto de Outubro de 1932, a Ação Integralista Brasileira (AIB) rapidamente deixou de ser apenas um núcleo de intelectuais em São Paulo para se tornar o mais amplo movimento de massas da extrema-direita brasileira. Sua expansão contou com estratégias modernas de propaganda, intensa ritualização e forte capacidade de mobilização popular. A década de 1930 viu, assim, o Brasil experimentar a formação de um partido de massas inspirado nos fascismos europeus, mas com peculiaridades locais.

Plínio Salgado (de bigode, com punho erguido) e grupo de integralistas em comício na década de 30 do século XX


A organização simbólica e ritualística

A força da AIB não se limitava a discursos políticos. O movimento compreendeu desde cedo que a mobilização de multidões dependia da criação de símbolos claros, rituais envolventes e identidade coletiva. A camisa verde, o sigma (∑), a saudação “Anauê!” e os desfiles cívicos tornaram-se parte de um repertório que conferia coesão e entusiasmo aos militantes.

A camisa verde, por exemplo, não era apenas um uniforme: representava uma segunda pele, um sinal de honra e disciplina. Havia regras rígidas sobre seu uso — não podia ser utilizada em situações consideradas desrespeitosas, como em festas carnavalescas, sob pena de punição. O gesto de saudação, com o braço direito erguido, reforçava a ideia de unidade e devoção ao chefe. O integralismo cultivava um imaginário místico em torno de seus rituais, comparando-os a atos religiosos. O chefe nacional, Plínio Salgado, era reverenciado quase como um guia espiritual.

Além disso, a AIB estruturou um calendário próprio de cerimônias e festividades. Entre elas destacavam-se a Vigília da Nação, a Noite dos Tambores Silenciosos e as Matinas de Abril, eventos carregados de simbolismo e emoção coletiva. O integralismo moldava a vida de seus adeptos desde o nascimento até a morte: batizados, casamentos e funerais possuíam protocolos integralistas. O militante passava a viver em um universo paralelo, no qual sua identidade pessoal era absorvida pela comunidade verde.


O papel da família e da educação

Outro aspecto marcante foi a concepção de “família integralista”. A AIB buscava penetrar em todos os âmbitos da vida cotidiana. Mulheres e crianças não eram apenas coadjuvantes: tinham papel ativo. As chamadas blusas-verdes participavam de atividades de assistência social, alfabetização, puericultura e economia doméstica. Embora limitadas a funções compatíveis com a visão patriarcal do movimento, eram incentivadas a militar como esposas, mães e educadoras de futuras gerações integralistas.

As crianças, por sua vez, eram inseridas no integralismo desde cedo, organizadas em categorias como plinianos, lobinhos e vanguardeiros, em moldes semelhantes ao escotismo, mas com forte conteúdo militar e nacionalista. Dessa forma, o integralismo procurava garantir a perpetuação de sua doutrina através das novas gerações.


A tríade de liderança

No auge da AIB, três nomes se destacaram como pilares de sua liderança: Plínio Salgado, o chefe nacional; Gustavo Barroso, responsável por disseminar um discurso antissemita e radical; e Miguel Reale, jovem intelectual encarregado da doutrina e da juventude. Essa tríade dava consistência ao movimento, embora não sem conflitos internos.

Barroso, por exemplo, traduziu e publicou em português o falso panfleto antissemita Os Protocolos dos Sábios de Sião, tornando-se o principal difusor do antissemitismo no Brasil. Reale, por sua vez, estruturava o arcabouço teórico, defendendo a construção de um Estado Integral de bases corporativas. Já Plínio Salgado mantinha a posição central de guia, cultivando uma imagem messiânica. Apesar das tensões entre eles, a união dessa tríade garantiu a força ideológica do integralismo.


Propaganda e imprensa integralista

A expansão do movimento não seria possível sem uma máquina de propaganda eficiente. A AIB criou jornais, revistas e até um consórcio, o Sigma-Jornais Reunidos, que reunia dezenas de periódicos em circulação nacional. O jornal A Offensiva tornou-se o principal veículo de difusão da doutrina, enquanto revistas como Anauê! e Brasil Feminino buscavam atingir públicos específicos.

A imprensa integralista não se limitava a textos políticos. Oferecia entretenimento, cultura e até passatempos, de forma a criar familiaridade com os leitores e ampliar sua penetração. Além disso, o movimento explorava o uso de músicas, hinos e marchas para incutir disciplina e fervor nacionalista. O hino *Avante*, escrito por Plínio Salgado, exaltava a mocidade e a pátria como pilares da nova ordem.


Crescimento nacional

Em pouco tempo, o integralismo espalhou-se por todo o país. Núcleos integralistas surgiram em capitais e cidades do interior, atingindo inclusive o exterior, com representação em países como Argentina, Portugal e até Japão. Estima-se que, no auge, a AIB tenha contado com centenas de milhares de filiados. Embora os números divulgados por Salgado chegassem à cifra de 1 milhão, os historiadores apontam para algo entre 200 mil e 500 mil militantes efetivos.

Sua base social era composta sobretudo por classes médias urbanas, pequenos comerciantes, estudantes e setores conservadores da Igreja Católica, mas também contou com adesão de trabalhadores, negros e indígenas, que viam no movimento uma oportunidade de ascensão social e reconhecimento nacional. A relação com a Frente Negra Brasileira, por exemplo, mostra como o integralismo soube dialogar com diferentes camadas sociais.


Conflitos e polarizações

O crescimento da AIB também trouxe conflitos. Os integralistas entraram em choque com comunistas e aliancistas em várias ocasiões, em especial após 1935. Um dos episódios mais simbólicos foi o confronto em Petrópolis, quando um comício da esquerda terminou em violência, resultando na morte de um trabalhador. Esses embates consolidaram a imagem de que o integralismo era uma força de ordem contra a “ameaça vermelha”, mas também revelaram sua natureza violenta e paramilitar.

Passeata integralista, com bandeira ostentando o sigma e pessoas fazendo o gesto anauê.


Parte 3 – O integralismo no Estado Novo e declínio

A trajetória da Ação Integralista Brasileira (AIB) nos anos 1930 esteve profundamente ligada às transformações políticas do período Vargas. Se no início o movimento cresceu de forma acelerada, conquistando visibilidade e apoiadores em todo o país, o final da década marcou seu declínio, em meio à repressão do Estado Novo e ao fracasso da tentativa de golpe de 1938. Esse processo ilustra o limite da experiência integralista como projeto político autônomo e sua posterior dissolução como força de massas.


A relação ambígua com Vargas

Desde sua fundação, a AIB manteve uma relação ambígua com o governo Vargas. O movimento compartilhava do autoritarismo e do discurso de ordem e disciplina do presidente, mas também ambicionava conquistar o poder por conta própria. Vargas, por sua vez, via nos integralistas uma força útil para conter a ameaça comunista e mobilizar setores conservadores, mas jamais esteve disposto a dividir sua liderança com Plínio Salgado.

Assim, o integralismo se manteve como aliado tático em certos momentos e como potencial adversário em outros. Esse jogo de aproximação e distanciamento caracterizou a política da AIB até 1937.


A “revoada das galinhas verdes”

O ápice do crescimento integralista coincidiu com a escalada de tensões políticas em meados dos anos 1930. A Intentona Comunista de 1935 reforçou a imagem dos integralistas como defensores da ordem contra o “perigo vermelho”. Contudo, também intensificou a repressão estatal. A Lei de Segurança Nacional, de 1935, restringiu a atuação das milícias integralistas, limitando sua capacidade paramilitar.

Mesmo assim, os integralistas continuaram a organizar grandes concentrações públicas, que impressionavam pela disciplina e número de participantes. Em 1937, durante a campanha eleitoral, Plínio Salgado lançou sua candidatura à presidência da República, concorrendo com Armando de Sales Oliveira e José Américo de Almeida. Contudo, o pleito nunca ocorreu: em novembro, Vargas deu o golpe que instaurou o Estado Novo, anulando as eleições e consolidando sua ditadura.

O episódio que simboliza a fragilidade da AIB diante do novo regime foi a chamada “revoada das galinhas verdes”. Em 1937, integralistas organizaram uma passeata em São Paulo para demonstrar força, mas foram duramente reprimidos pela polícia. A fuga desordenada dos militantes, registrada pela imprensa, rendeu o apelido depreciativo. O episódio mostrou que, apesar de seu aparato simbólico, o integralismo tinha dificuldades de enfrentar o poder estatal.

Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira (AIB), em um evento do movimento, caracterizado pelo uso da saudação "Anauê" e o símbolo sigma (Σ).


O levante de 1938

A tensão com o governo Vargas culminou em maio de 1938, quando um grupo de integralistas tentou dar um golpe de Estado para derrubar o presidente. O chamado **levante integralista** envolveu militantes armados que pretendiam tomar o Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, e assassinar Vargas.

A conspiração foi rapidamente desarticulada. O ataque fracassou, resultando na prisão de dezenas de integralistas e na morte de alguns militantes. O próprio Plínio Salgado foi preso e posteriormente exilado em Portugal. O episódio marcou o fim do integralismo como movimento de massas. O Estado Novo não admitia concorrência no campo do autoritarismo, e a AIB foi dissolvida oficialmente.


A repressão e o desmonte da AIB

Com o fracasso de 1938, o integralismo entrou em colapso. Muitos de seus militantes foram presos, e a organização perdeu sua base institucional. A imprensa verde foi desmantelada, as sedes fechadas e os símbolos proibidos. O culto a Plínio Salgado, embora persistisse em círculos restritos, já não tinha o mesmo alcance.

O governo Vargas incorporou alguns elementos da retórica integralista — como o nacionalismo autoritário, o anticomunismo e a exaltação da família —, mas sem conceder espaço político ao movimento. Dessa forma, o Estado Novo absorveu parte de sua linguagem enquanto neutralizava sua liderança.


Consequências do fracasso

O declínio da AIB demonstrou os limites da experiência integralista no Brasil. Apesar de ter mobilizado centenas de milhares de pessoas, o movimento não conseguiu consolidar-se como alternativa real ao poder varguista. Seu caráter excessivamente personalista, a dependência da figura de Plínio Salgado e a incapacidade de construir alianças políticas sólidas enfraqueceram sua posição.

Além disso, o fracasso do golpe de 1938 marcou os integralistas como aventureiros políticos, reduzindo sua credibilidade. Muitos militantes abandonaram o movimento, outros buscaram integrar-se ao Estado Novo, e parte permaneceu fiel a Plínio Salgado mesmo no exílio.


O legado dos anos 1930

Embora tenha sido desmantelada, a experiência da AIB deixou marcas importantes. Mostrou que era possível organizar no Brasil um movimento de massas de inspiração fascista, com ampla capacidade de mobilização social. Também revelou a força do anticomunismo como elemento estruturador da direita autoritária.

O declínio não significou o fim do integralismo. Na memória de seus militantes e na atuação de seus líderes, como Salgado, Reale e Barroso, o integralismo permaneceu vivo, aguardando novas oportunidades para reorganizar-se. Esse processo ocorreria após o fim do Estado Novo, com a redemocratização de 1945 e a criação do Partido de Representação Popular (PRP).

Assim, a trajetória da AIB nos anos 1930 pode ser dividida em duas fases: um período de ascensão meteórica, entre 1932 e 1937, quando se consolidou como o maior movimento de extrema-direita da América Latina; e um período de declínio abrupto, entre 1937 e 1938, quando foi reprimida e dissolvida pelo regime de Vargas. O sonho do Estado Integral cedeu lugar à dura realidade da derrota política e da perseguição estatal.

A bandeira Integralista com o Sigma


Parte 4 – Reorganização no PRP e morte de Plínio Salgado

Com o fim do Estado Novo em 1945 e a redemocratização que se seguiu à deposição de Getúlio Vargas, abriram-se novas possibilidades políticas para antigos movimentos dissolvidos pelo regime. Foi nesse contexto que o integralismo encontrou espaço para reorganizar-se, ainda que sob novas formas e adaptado às regras do jogo democrático. Se na década de 1930 a Ação Integralista Brasileira (AIB) havia sido um movimento de massas, nos anos posteriores sua herança se concentrou em torno da figura de Plínio Salgado e na criação do Partido de Representação Popular (PRP).


O retorno de Plínio Salgado

Exilado em Portugal após o fracasso do levante integralista de 1938, Plínio Salgado acompanhou à distância os rumos da política brasileira durante os anos do Estado Novo. Com a queda da ditadura, pôde retornar ao país, sendo recebido por antigos correligionários que ainda o viam como chefe nacional. O retorno foi cercado de simbolismo: para muitos integralistas, representava a chance de reviver o sonho interrompido em 1938.

Contudo, o ambiente político da redemocratização era diferente. O multipartidarismo ressurgia, com a criação do PSD, da UDN e do PTB, que polarizariam a vida política brasileira. Para os integralistas, era necessário adaptar-se a essa nova realidade. Foi assim que nasceu o PRP.


A criação do PRP

O Partido de Representação Popular (PRP) foi fundado em 1945 como herdeiro direto da AIB. Liderado por Plínio Salgado, o partido se apresentava como uma força nacionalista, anticomunista e conservadora, mas buscava distanciar-se do rótulo de fascista. A estratégia era reposicionar o integralismo dentro do jogo democrático, mantendo seus símbolos e sua retórica espiritualista, mas agora dentro dos marcos legais.

O PRP defendia valores como “Deus, pátria e família”, continuava a exaltar a autoridade e a denunciar o comunismo, mas apresentava-se como defensor da democracia representativa. Essa contradição — manter um discurso autoritário sob o manto democrático — marcou toda a sua trajetória.


Plínio Salgado candidato

Nas eleições presidenciais de 1955, Plínio Salgado lançou-se candidato pelo PRP. Sua campanha foi marcada pelo apelo à moralidade, ao nacionalismo e ao combate ao comunismo. Contudo, sua votação foi modesta, cerca de 8% dos votos, ficando atrás de Juscelino Kubitschek e Juarez Távora. O resultado mostrou que o antigo chefe integralista mantinha certa base de apoio, mas já não tinha a mesma capacidade de mobilização de massas dos anos 1930.

Ainda assim, o PRP garantiu representação parlamentar. Em várias legislaturas, elegeu deputados federais, estaduais e prefeitos, consolidando-se como uma legenda de médio porte, sobretudo no interior paulista e em alguns estados do Sul e do Nordeste. No Congresso, os parlamentares do PRP mantinham vivo o legado integralista, apresentando propostas conservadoras e anticomunistas.


Integralismo no parlamento

A atuação parlamentar dos representantes do PRP foi marcada por tentativas de manter viva a simbologia integralista. Discursos exaltando Plínio Salgado como chefe nacional ainda eram comuns, e o sigma (∑) continuava a aparecer em eventos partidários. Contudo, o partido precisava equilibrar essa identidade com a necessidade de ampliar sua base de apoio. Isso levou a alianças com setores conservadores de outros partidos e, em algumas ocasiões, a aproximações pragmáticas com o governo.

O PRP também foi um espaço de socialização política para novas gerações de integralistas. Jovens militantes eram incentivados a manter a chama do movimento, ainda que adaptada às novas condições. Essa estratégia visava garantir a continuidade da doutrina integralista como tradição política.


A crise do PRP e a morte de Plínio Salgado

Apesar de manter presença no cenário político por mais de duas décadas, o PRP nunca conseguiu ultrapassar a condição de partido secundário. Sua ligação excessiva à figura de Plínio Salgado limitava seu crescimento. Com o tempo, o partido passou a ser visto como uma legenda personalista, incapaz de renovar sua liderança.

A situação agravou-se com o golpe militar de 1964. Se por um lado o regime representava a vitória do anticomunismo e da ordem autoritária que os integralistas defendiam, por outro absorvia o espaço político que antes poderia caber ao PRP. O partido perdeu relevância diante da hegemonia dos militares e das novas siglas criadas pelo bipartidarismo (ARENA e MDB).

Em 1975, com a morte de Plínio Salgado, encerrou-se simbolicamente um ciclo. Sem seu chefe, o integralismo perdeu seu principal referencial. Pouco tempo depois, em 1979, o PRP foi formalmente extinto no contexto da reforma partidária do regime militar. Assim, o integralismo como força institucional organizada desaparecia, restando apenas na memória de antigos militantes e em pequenos grupos que mantinham a veneração a Salgado.


O legado do PRP

Apesar de seu relativo fracasso eleitoral, o PRP teve importância como ponte entre o integralismo dos anos 1930 e as formas posteriores de neointegralismo. Foi no interior do partido que se manteve viva a simbologia, a doutrina e a organização de militantes que, mais tarde, se reorganizariam em associações culturais e grupos políticos.

A morte de Plínio Salgado marcou o fim de uma era, mas não o desaparecimento do integralismo. Seus seguidores continuariam a cultivar sua memória, organizando associações como a Casa Plínio Salgado e o Centro de Estudos Integralistas, que alimentariam a transição para o neointegralismo a partir da década de 1980.


Parte 5 – Do integralismo ao neointegralismo

Com a morte de Plínio Salgado em 1975 e a extinção formal do Partido de Representação Popular (PRP) em 1979, muitos acreditaram que o integralismo seria apenas uma lembrança distante dos anos 1930. No entanto, o movimento não desapareceu. Ele se transformou, reorganizou-se em outras formas e deu origem ao que passou a ser chamado de neointegralismo — uma versão renovada e adaptada às novas realidades políticas do Brasil na segunda metade do século XX.

O neointegralismo manteve viva a doutrina original, mas passou a operar de maneira diferente, sem o respaldo de um partido de massas, e sim através de associações culturais, grupos de estudos e organizações menores. O vínculo afetivo e ideológico com a figura de Plínio Salgado permaneceu central, funcionando como elo simbólico entre as gerações.


A preservação da memória integralista

Logo após a morte de Plínio, antigos militantes criaram espaços dedicados à sua memória. Um dos principais foi a Casa Plínio Salgado, em São Bento do Sapucaí, cidade natal do líder. Esse espaço tornou-se um verdadeiro centro de peregrinação para integralistas, onde documentos, livros, fotos e objetos pessoais eram preservados como relíquias.

Outra iniciativa foi a Associação Brasileira de Estudos Plínio Salgado (ABEPS), que se propunha a difundir o pensamento integralista em bases intelectuais. Esses espaços ajudaram a manter viva a ideologia, mesmo em um contexto de repressão durante a ditadura militar e de ausência de um partido político próprio.


A Cruzada de Renovação Nacional

Nos anos 1980, com a abertura política e a gradual redemocratização, surgiram novas tentativas de reorganizar o integralismo como movimento ativo. Uma das mais importantes foi a Cruzada de Renovação Nacional (CRN). Essa organização, fundada por antigos militantes, buscava inserir o integralismo no cenário político contemporâneo, agora marcado por novos partidos e pela retomada das eleições diretas.

A CRN promovia encontros, produzia materiais doutrinários e buscava atrair jovens. Seu discurso mantinha a ênfase no tripé Deus, pátria e família, mas incorporava críticas ao consumismo e à globalização, além de reforçar o anticomunismo que sempre havia caracterizado o movimento. Contudo, a CRN teve alcance limitado, funcionando mais como núcleo de resistência cultural do que como força política de massas.


Tentativas de novos partidos

Durante a década de 1980 e o início dos anos 1990, alguns grupos integralistas tentaram criar novos partidos políticos de inspiração direta na AIB. Dois exemplos foram o Partido de Ação Nacional (PAN) e o Partido de Ação Integralista (PAI). Ambos buscavam se registrar junto à Justiça Eleitoral, mas não obtiveram sucesso.

Essas tentativas mostram a dificuldade que o integralismo enfrentava em se adequar às regras do jogo democrático. O movimento mantinha forte identidade autoritária, o que dificultava sua adaptação a um sistema multipartidário competitivo. Assim, o neointegralismo seguiu, em grande medida, como movimento cultural e de memória, mais do que como ator político formal.


Relações com outros grupos da extrema-direita

Nos anos 1980 e 1990, o integralismo também estabeleceu relações com outros grupos da extrema-direita brasileira, inclusive com movimentos neonazistas e skinheads. Embora houvesse diferenças ideológicas — o integralismo original exaltava a miscigenação, enquanto os neonazistas defendiam a supremacia branca —, em muitos casos ocorreu aproximação em torno de pautas comuns, como o anticomunismo, o nacionalismo exacerbado e o autoritarismo.

Esse processo gerou tensões internas. Alguns integralistas rejeitavam qualquer associação com neonazistas, alegando que isso deturpava a tradição original. Outros viam na aliança uma oportunidade de revitalizar o movimento diante da juventude radicalizada.


A dimensão cultural e editorial

Paralelamente, o neointegralismo investiu fortemente na publicação de livros e periódicos. Editoras independentes republicaram obras de Plínio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso, permitindo que novas gerações tivessem acesso ao pensamento integralista. Revistas como O Sigma circularam em meios restritos, mas cumpriram papel importante na difusão das ideias.

A internet, a partir dos anos 1990, abriu novas possibilidades. Sites e fóruns integralistas começaram a surgir, conectando militantes de diferentes regiões do país. A digitalização de livros e a publicação de manifestos virtuais ajudaram a manter a doutrina viva em um ambiente descentralizado, sem depender de partidos ou associações formais.


O neointegralismo na transição democrática

Ao longo desse processo, o neointegralismo assumiu uma postura ambígua em relação à redemocratização. Por um lado, buscava usufruir das liberdades democráticas para se organizar e difundir suas ideias; por outro, continuava a pregar uma visão de mundo autoritária, contrária ao pluralismo político. Essa contradição refletia a herança da AIB: um movimento que jamais se conciliou plenamente com a democracia liberal.

Apesar de nunca ter recuperado a força de massas dos anos 1930, o integralismo persistiu como tradição política subterrânea, sobrevivendo graças à devoção de pequenos grupos e à capacidade de adaptar sua linguagem ao contexto. Esse processo preparou o terreno para sua revitalização nas décadas seguintes, especialmente no século XXI, quando novas dinâmicas políticas e o advento das redes sociais ofereceriam oportunidades inéditas para sua difusão.

 

Parte 6 – Neointegralismo no século XXI

O século XXI marcou uma nova etapa para o integralismo. Se nas décadas anteriores o movimento sobreviveu como tradição cultural e memória mantida por pequenos grupos, o advento da internet e das redes sociais ofereceu condições inéditas para sua reorganização. Essa fase é conhecida como neointegralismo contemporâneo, caracterizada pela digitalização da propaganda, pela criação de novos grupos e pela inserção do integralismo no cenário político polarizado do Brasil recente.


A internet como novo espaço de militância

O uso da internet foi decisivo para a revitalização do integralismo. Sites, blogs e, mais tarde, redes sociais tornaram-se instrumentos de difusão de textos doutrinários, manifestos e material de propaganda. Essa nova ferramenta permitiu que grupos integralistas, antes isolados geograficamente, se conectassem em redes nacionais.

Na virada dos anos 2000, fóruns virtuais reuniam simpatizantes para debater a história da AIB, compartilhar livros digitalizados e articular ações conjuntas. Com o avanço das redes sociais, especialmente o Facebook e o YouTube, o integralismo encontrou formas de dialogar com uma juventude atraída por discursos nacionalistas e anticomunistas. A estética dos anos 1930 foi reaproveitada: símbolos como o sigma (∑) e a saudação “Anauê!” reapareceram em páginas virtuais, vídeos e memes, adaptados ao universo digital.


Grupos e organizações contemporâneas

Nesse contexto surgiram novas organizações que buscavam se apresentar como herdeiras legítimas da AIB. Entre elas, destacam-se:

* Movimento Integralista e Linearista Brasileiro (MIL-B): criado nos anos 2000, defendeu a atualização do integralismo com ênfase em aspectos nacionalistas e espiritualistas, além da valorização da disciplina e da ordem.

* Frente Integralista Brasileira (FIB): uma das mais ativas no século XXI, surgiu como tentativa de unificar diversos grupos e manter fidelidade à doutrina de Plínio Salgado. A FIB investe em publicações, debates acadêmicos e presença em redes sociais.

* Associações culturais e centros de estudos: como a Casa Plínio Salgado, continuaram a desempenhar papel simbólico, reforçando a dimensão memorial do movimento.

Cada grupo apresenta pequenas diferenças estratégicas, mas todos compartilham a defesa dos pilares tradicionais do integralismo: Deus, pátria e família, o anticomunismo radical e a rejeição ao liberalismo político e econômico.


Relações políticas e eleitorais

Embora não tenha conseguido criar um partido político próprio reconhecido pela Justiça Eleitoral, o neointegralismo buscou espaços de inserção através de alianças. Em alguns momentos, aproximou-se de partidos menores, como o PRONA, de Enéas Carneiro, que compartilhava o discurso nacionalista e moralista. Mais recentemente, houve aproximações com políticos de perfil conservador, especialmente durante o crescimento da direita no Brasil nos anos 2010.

O integralismo não se confundiu com esses partidos, mas buscou aproveitar a visibilidade de candidaturas autoritárias e nacionalistas para difundir sua pauta. Assim, foi capaz de inserir-se no debate público mesmo sem representação formal.


Integralismo e bolsonarismo

O crescimento do bolsonarismo, a partir de 2018, trouxe novas oportunidades para os integralistas. O discurso anticomunista, o apelo à moral tradicional e o uso de símbolos nacionalistas dialogaram diretamente com a retórica integralista. Grupos como a Frente Integralista Brasileira declararam apoio a Jair Bolsonaro, vendo nele uma oportunidade de colocar em prática parte de sua agenda política.

Apesar disso, há diferenças relevantes. Enquanto o bolsonarismo se estrutura como movimento de massas contemporâneo, com base no populismo digital, o integralismo mantém uma identidade mais doutrinária, cultuando a memória de Plínio Salgado e defendendo um projeto de Estado Integral que não se confunde com a democracia representativa. Ainda assim, a aproximação foi evidente e reforçou a visibilidade do neointegralismo.


O atentado contra a Porta dos Fundos

Um dos episódios mais marcantes da presença integralista no século XXI ocorreu em dezembro de 2019, quando militantes ligados a um grupo neointegralista participaram do ataque com coquetéis molotov contra a sede da produtora Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro. O ato foi uma reação a um especial humorístico que retratava figuras religiosas de forma satírica, o que foi interpretado pelos integralistas como ofensa à fé cristã.

O episódio teve grande repercussão nacional e internacional, reacendendo o debate sobre a persistência do integralismo no Brasil. Ele demonstrou que, embora minoritário, o movimento ainda era capaz de gerar violência política em nome de sua ideologia. O atentado foi reivindicado publicamente, com uso de simbologia integralista, reforçando a ligação com a tradição da AIB.


Estratégias de permanência

No século XXI, o neointegralismo tem investido em três estratégias principais:

1. Uso das redes sociais: páginas, perfis e canais dedicados à divulgação da doutrina e à formação de novos militantes.

2. Produção editorial: publicação e republicação de livros de Plínio Salgado e outros líderes, além de novos estudos doutrinários.

3. Formação de redes culturais: eventos, palestras e encontros presenciais que buscam fortalecer a comunidade integralista.

Com essas estratégias, o movimento não pretende apenas sobreviver, mas também disputar corações e mentes no cenário polarizado da política brasileira contemporânea.


Um movimento mutante

O neointegralismo do século XXI mostra que o integralismo brasileiro não foi um fenômeno apenas dos anos 1930. Ele se adaptou, transformou-se e encontrou novos meios de existência. Embora distante da força de massas da AIB, continua a mobilizar grupos e a influenciar debates, sobretudo em contextos de crise política.

Sua permanência revela como ideologias autoritárias conseguem se reinventar, apropriando-se das novas tecnologias e dos discursos contemporâneos, sem perder suas raízes históricas. O integralismo, assim, permanece como um dos mais longevos movimentos da extrema-direita no Brasil, com quase um século de história desde o Manifesto de 1932.

Parte 7 – Considerações finais

A trajetória do integralismo brasileiro, desde sua gênese nos anos 1930 até suas expressões contemporâneas no século XXI, revela a persistência de uma tradição política autoritária, marcada por símbolos, mitos e discursos que atravessaram diferentes momentos da história nacional. Embora tenha passado por fases de ascensão e declínio, de repressão e reorganização, o integralismo nunca desapareceu completamente. Ele se metamorfoseou em novas formas, adaptando-se às condições políticas de cada período, mas mantendo seu núcleo ideológico: o tripé Deus, pátria e família, o anticomunismo visceral e a defesa de um Estado integral e autoritário.


Um movimento de longa duração

O integralismo foi o mais expressivo movimento de massas da extrema-direita brasileira no século XX. A Ação Integralista Brasileira, entre 1932 e 1938, mobilizou centenas de milhares de pessoas, algo inédito na política nacional. Sua capacidade de criar símbolos, rituais e uma identidade coletiva mostrou o potencial de um projeto autoritário em solo brasileiro. Ainda que tenha sido dissolvida pela repressão do Estado Novo, a AIB deixou um legado que seria retomado posteriormente.

Esse legado se manifestou no Partido de Representação Popular (PRP), que entre 1945 e 1979 buscou adaptar o integralismo às regras da democracia. Embora tenha sido um partido de médio porte, sem grandes resultados eleitorais, o PRP foi crucial para manter viva a memória integralista e para permitir que gerações posteriores continuassem a difundir a doutrina de Plínio Salgado.


A importância da memória e da simbologia

Ao contrário de outros movimentos políticos que desapareceram com a derrota, o integralismo sobreviveu graças ao cultivo de sua memória. Os símbolos da camisa verde, do sigma (∑) e da saudação “Anauê!” foram preservados com zelo quase religioso. A figura de Plínio Salgado continuou a ser reverenciada como chefe nacional, mesmo após sua morte em 1975.

Essa dimensão simbólica foi fundamental para garantir a continuidade. O integralismo não sobreviveu apenas como proposta política concreta, mas como tradição cultural, transmitida por associações, editoras, grupos de estudos e, mais recentemente, redes sociais. Foi essa base que deu origem ao neointegralismo, adaptado às condições da segunda metade do século XX e do século XXI.


O neointegralismo e sua inserção contemporânea

O neointegralismo representa a terceira grande fase do movimento. Sem o peso de um partido de massas, ele encontrou na internet um novo campo de atuação. Sites, blogs, fóruns e redes sociais se tornaram arenas privilegiadas para a difusão de ideias, para a organização de militantes e para a construção de identidade coletiva.

No século XXI, o neointegralismo passou a dialogar com outras correntes da extrema-direita brasileira, aproximando-se em certos momentos do bolsonarismo. Essa aproximação se deu pelo compartilhamento de pautas comuns, como o combate ao comunismo, a exaltação da família tradicional e a crítica às instituições democráticas. Contudo, o integralismo mantém uma especificidade: seu apego à tradição doutrinária de Plínio Salgado e à proposta de um Estado integral.


 Permanência e desafios

A permanência do integralismo ao longo de quase um século revela sua capacidade de adaptação. Contudo, também evidencia suas limitações. Em nenhum momento, desde os anos 1930, o movimento conseguiu voltar a ter a força de massas que teve na AIB. Suas tentativas de reorganização em partidos sempre fracassaram ou resultaram em legendas secundárias. O movimento sobrevive mais pela devoção de pequenos grupos do que pela adesão popular em larga escala.

Além disso, o integralismo enfrenta contradições internas. Sua exaltação da miscigenação, presente nos escritos originais de Salgado, contrasta com a aproximação que alguns grupos tiveram com movimentos neonazistas e supremacistas brancos. Essa tensão mostra as dificuldades do neointegralismo em manter coerência diante das novas formas da extrema-direita global.


O integralismo como objeto de estudo

Se o integralismo perdeu espaço como força política, ganhou relevância como objeto de estudo. Historiadores, cientistas sociais e analistas políticos têm dedicado atenção a compreender suas origens, suas transformações e sua permanência. Isso se deve ao fato de que o integralismo revela aspectos importantes da sociedade brasileira: o peso do autoritarismo, o medo do comunismo, a força da religiosidade e a busca por soluções totalizantes em contextos de crise.

Ao estudar o integralismo, compreende-se também a persistência de tradições políticas que, mesmo derrotadas eleitoralmente ou reprimidas, permanecem como subterrâneos da vida política nacional, prontos para emergir em momentos de instabilidade.


Considerações finais

O integralismo brasileiro, em suas diferentes fases, deve ser entendido não apenas como um episódio do passado, mas como parte de uma tradição política de longa duração. De movimento de massas nos anos 1930 a partido secundário no pós-guerra, de memória cultural no período da ditadura a neointegralismo digital no século XXI, o integralismo mostra como ideologias autoritárias podem se reinventar.

Embora nunca tenha conquistado o poder de forma plena, deixou marcas na política brasileira e segue presente como referência para grupos da extrema-direita contemporânea. O integralismo é, portanto, um fenômeno que atravessa gerações, reconfigurando-se conforme as circunstâncias, mas mantendo sempre o mesmo núcleo ideológico.

Entender sua trajetória é fundamental para compreender os desafios da democracia brasileira e os riscos representados pela persistência de tradições autoritárias. O integralismo não é apenas um capítulo encerrado da história: é uma corrente que, em diferentes formas, continua a disputar espaço no presente e, possivelmente, no futuro.


Indicação de leituras:

● Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30 por Hélgio Trindade

● O fascismo em camisas verdes: do Integralismo ao Neointegralismo por Leandro Pereira Gonçalves e Odilon Caldeira Neto

Veja mais em:

https://youtu.be/sDj9NKZbSPE?si=R1iMGPouIdiNy-8K

https://youtu.be/oJNRCZdqBD4?si=M2N-6CfSEfFMIQID


● Se este conteúdo lhe foi útil ou o fez refletir, considere apoiar espontaneamente este espaço de História e Memória. Cada contribuição ajuda no desenvolvimento do blog. Chave PIX: oogrodahistoria@gmail.com

Muito obrigado, com apreço.


Comentários

Postagens mais visitadas