A relevância da escrita para a evolução humana


"Outra cadeia de causas levou da produção de alimentos à escrita, possivelmente a mais importante invenção dos últimos milhares de anos. A escrita evoluiu apenas algumas poucas vezes na história humana, em áreas que haviam sido os primeiros locais de produção de alimentos de suas respectivas regiões. Todas as outras sociedades que se tornaram alfabetizadas o fizeram pela difusão de sistemas de escrita ou da idéia de escrever a partir de um daqueles centros primários. Por isso, para o estudante de história mundial, o fenômeno da escrita é particularmente útil para examinar outra importante constelação de causas: o efeito geográfico sobre a facilidade com que as idéias ou os inventos se difundiram.

O que influi na escrita também influi na tecnologia. Uma questão fundamental é que a inovação tecnológica depende tanto de uns raros inventores-gênios quanto de fatores culturais que desafiam a compreensão de padrões mundiais. De fato, veremos que, paradoxalmente, esse grande número de fatores culturais torna mais fácil, e não mais difícil, entender os padrões tecnológicos mundiais. Ao permitir que os agricultores obtivessem excedentes, a produção de alimentos tornou essas sociedades capazes de sustentar especialistas em tempo integral que não cultivavam sua própria comida e que desenvolveram as tecnologias.

Além de escribas e inventores, a produção de alimentos permitiu que os fazendeiros sustentassem políticos. Bandos nômades de caçadores-coletores são relativamente igualitários e sua esfera política fica confinada a seu próprio território e a alianças inconstantes com bandos vizinhos. Com o surgimento de populações produtoras de alimentos, densas e sedentárias, apareceram também os chefes, reis e burocratas. Essas burocracias eram essenciais não só para governar regiões grandes e populosas, mas também para manter exércitos, enviar navios em expedições e organizar guerras de conquista. [...]"

Fonte: DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aço: os destinos das sociedades humanas, p.23.

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