A Revista Fon-Fon
Editada pelos intelectuais Gonzaga Duque, Mário Pederneira e Lima Campos a revista Fon-Fon! surgiu no Rio de Janeiro em 1907, buzinando irreverência e literatura até agosto de 1958. Seu nome, uma onomatopéia do barulho feito pela buzina dos automóveis, anunciava a chegada do século XX numa cidade embevecida com a tecnologia, a industrialização e o ritmo cada vez mais rápido dos novos carros. Capital do país, o Rio era o centro de uma modernidade em transformação, registrada pelo chofer de automóvel, que personificava com humor o repórter. A revista documentou as mudanças radicais da cidade como a construção da Avenida Central, em 1908, ou a demolição do Morro do Castelo a jatos d'água em 1922.
Seus idealizadores, na maioria simbolistas, gostavam de discutir a condição humana e de se aventurar na pesquisa de novas linguagens em matéria de criação artística. Como o poeta Álvaro Moreira, que em suas crônicas-versos, traduzia em textos os novos costumes que surgiam nos cafés cariocas.
Fon-Fon! difundiu novos hábitos como frequentar cafés ou ir ao jogo de futebol e não perdia oportunidade de buzinar as autoridades. Chegou a publicar, numa publicidade, uma caricatura de Afonso Pena (1906-1909), presidente da República, e seus ministros de quimono, cheios de embrulhos, anunciando as fabulosas compras no Bazar do Japão. Globalizada, a revista patrocinou a viagem dos dançarinos de maxixe à Europa, fazendo questão de dar a volta ao mundo estampando em cada número uma imagem internacional.
Fonte: Fon-fon! Buzinando a modernidade. Cardenos de Comunicação: Série Memória, Prefeitura do Rio de Janeiro, 2008.
Imagem: Edição 0039 da revista, 4 de janeiro de 1908.
De tempo em tempo surgem essas nobres mentes pensantes e diga-se de passagem muito bem criada , assim como foi o Pasquim que na época da ditadura satirizava de forma inteligente a realidade traduzida em humor .
ResponderExcluirFoi um desafio sobreviver até a
década dos anos 90.
década dos anos 90.
Creio que o Fon-Fon deva ter sido mais leve e sútil , mas de qualquer forma também ireverente .