Mosquito, o predador de seres humanos


Mosquito, o maior, mais voraz e eficiente predador dos seres humanos ao longo dos séculos. De acordo com o historiador Timothy Winegard, o mosquito esteve presente em toda a história da humanidade nos seus terríveis flagelos. Também é responsável por ceifar a vida de mais de 2 milhões de pessoas por ano em todo o planeta. Ele reforça que:

Um vasto e devorador exército de 110 trilhões de mosquitos inimigos patrulha cada centímetro do globo terrestre, exceto na Antártida, na Islândia, em Seychelles e em algumas microilhas da Polinésia Francesa. Os guerreiros vorazes que compõem essa população de insetos zumbidores são armados com pelo menos quinze armas biológicas letais e debilitantes contra nossos 7,7 bilhões de humanos, que se defendem com recursos duvidosos e, com frequência, nocivos para nós mesmos. Na verdade, para impedir os ataques implacáveis dos mosquitos, nosso orçamento de defesa para proteções pessoais, aerossóis e outros dispositivos chegou a um faturamento anual de 11 bilhões de dólares, em crescimento acelerado. Contudo, as mortíferas campanhas ofensivas do mosquito e seus crimes contra a humanidade seguem com toda a força. Embora nossos contra-ataques venham reduzindo a quantidade de baixas que sofremos ano após ano, o mosquito ainda é o mais letal dos caçadores de seres humanos no planeta. Em 2018, ele sacrificou apenas 830 mil pessoas. Nós, os inteligentes e sábios Homo sapiens, ficamos com o segundo lugar, matando 580 mil membros da nossa própria espécie.

A Fundação Bill & Melinda Gates, que, desde seu estabelecimento em 2000, dedicou quase 4 bilhões de dólares à pesquisa sobre mosqui- tos, publica um relatório anual que identifica os animais mais mortíferos para os seres humanos. A disputa não é nem um pouco acirrada. O campeão peso pesado, e nosso maior predador desde sempre, é o mosquito. Desde 2000, a média anual de mortes de pessoas por causa do mosquito tem permanecido em torno de dois milhões. Os seres humanos estão em um distante segundo lugar, com 475 mil, seguidos por cobras (cinquenta mil), cachorros e flebotomos (25 mil, cada), a mosca-tsé-tsé e o barbeiro (dez mil, cada). Os matadores ferozes das len- das e dos filmes aparecem bem mais abaixo nessa lista. O crocodilo fica em décimo, com mil mortes por ano. Depois vêm os hipopótamos, com quinhentas, e elefantes e leões, com cem. O tubarão e o lobo, muito criticados, dividem a 15ª posição, com uma média de dez vítimas por ano.

O mosquito matou mais gente do que qualquer outra causa de morte na história da humanidade. Por extrapolação estatística, é possível estimar que a quantidade de mortes por mosquito equivale a quase metade de todos os humanos que já viveram. Em números explícitos, o mosquito aniquilou cerca de 52 bilhões de pessoas de um total de 108 bilhões que existiram em nossa história relativamente breve de duzentos mil anos.

Nota: Para esse espaço de tempo, as estatísticas de mortes anuais causadas por doenças trans- mitidas por mosquitos variam entre um e três milhões. O consenso costuma adotar uma média de dois milhões.

São estimativas e extrapolações com base nos seguintes fatores e modelos científicos: a origem e a longevidade tanto do Homo sapiens quanto de doenças transmitidas por mosqui tos na África; a escala de tempo e os padrões migratórios de humanos, mosquitos e doenças transmitidas por mosquitos a partir da África; o surgimento e a evolução de diversas defesas genéticas hereditárias contra diferentes linhagens de malaria; taxas de mortalidade por doenças transmitidas por mosquitos ao longo da história; crescimento populacional e demografia humana; períodos históricos de mudanças climáticas naturais e flutuações da temperatura global; e outras considerações e componentes relevantes.

Fonte: WINEGARD, Timothy. O Mosquito: a incrível história do maior predador da humanidade.

Comentários

  1. Texto muito instrutivo! Desconhecia este ranking de predadores... Parabéns pelo texto.

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