Reflexão acerca da Belle Époque carioca

Era a época da efervescência cultural, dos sorrisos iluminados pelo brilho das luzes, da Belle Époque no Rio de Janeiro dos anos 1920. A cidade carioca, então capital do país, respirava modernidade e se tornava o palco de transformações sociais, políticas e culturais.

Nos salões aristocráticos, a elite carioca se reunia em festas suntuosas, regadas a champanhe e melodia. O Rio de Janeiro, conhecido como a "Paris tropical", refletia a influência dos modismos europeus. Mulheres elegantes desfilavam com seus vestidos esvoaçantes, chapéus adornados com plumas e joias reluzentes, enquanto os homens trajavam elegantes smokings. Era uma sociedade que buscava a sofisticação e o refinamento, ansiosa por apreciar o que de melhor a vida poderia oferecer.

A política também vivia tempos agitados. Nessa década, a cidade testemunhou a ascensão de importantes figuras, como Nilo Peçanha e Washington Luís, que exerceram a presidência do Brasil. A efervescência política e os embates ideológicos se faziam presentes nos cafés, nas rodas de intelectuais e nas páginas dos jornais. O Rio de Janeiro fervilhava com debates acalorados sobre a República recém-instaurada e os rumos do país.

No âmbito cultural, o Rio era um verdadeiro caldeirão de manifestações artísticas. Teatros e casas de espetáculos lotavam-se para assistir às óperas, aos concertos de música clássica e aos espetáculos de dança. No Theatro Municipal, inaugurado em 1909, grandes nomes da música e do teatro internacional se apresentavam, encantando a plateia com seu talento.

A boemia carioca também ganhava destaque. Nos bares e cabarés do bairro da Lapa, a boemia se misturava à malandragem, em um ambiente de música e dança que encantava a todos. Os sambistas e chorões, com seus violões e cavaquinhos, embalavam a noite com melodias que falavam de amores e desilusões, retratando a alma da cidade em canções marcantes.

Apesar de toda a efervescência cultural e dos avanços sociais, é importante ressaltar que a Belle Époque carioca era uma realidade restrita às elites. Enquanto a aristocracia desfrutava de sua prosperidade, grande parte da população vivia em condições precárias, distante desse mundo encantado.

A Belle Époque no Rio de Janeiro dos anos 1920 deixou um legado de transformações, mas também evidenciou as profundas desigualdades sociais da época. Foi um período de encantamento e contradições, em que a cidade se mostrava ao mundo como um cenário de modernidade, ao mesmo tempo em que escondia em suas entranhas a dura realidade de uma sociedade ainda marcada pela exclusão. A demolição do histórico Morro do Castelo, berço da urbe carioca, e a construção dos pavilhões para a Exposição Internacional de 1922, são bons exemplos de contradições do período. 

Foto: Morro do Castelo em processo de demolição e os pavilhões da Exposição Internacional de 1922. Autoria não identificada. IMS.

Indicação de leitura:

Metrópole à beira-mar: O Rio moderno dos anos 20 por Ruy Castro

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