A bruxa do Arco do Teles
Localizado na Praça XV de Novembro, no Centro do Rio de Janeiro, o Arco do Telles é considerado um dos maiores marcos arquitetônicos. Foi contruído a mando do juíz português Antônio Telles Barreto de Menezes em meados do século XVIII que, vendo o crescimento da cidade, comprou diversos lotes de terras para posteriormente alugá-los. No entanto, segundo crenças populares, o lugar também foi palco de insólitos rituais e crimes.
Neste cenário surge a jovem portuguesa Bárbara dos Prazeres, de apenas 20 anos, que tinha acabado de se mudar para o Brasil junto de seu marido no final da década de 1790.
Dona de uma beleza estonteante, Bárbara dos Prazeres matou seu marido a sangue frio e passou a se prostituir na área do Arco do Telles. Reza a lenda da época que, desejada e atraente, a jovem atraia clientes com altos poderes aquisitivos. Há quem a percebia como uma bruxa que surgia da penumbra.
Bárbara dos Prazeres, tornou-se astro da ralé carioca nos tempos de Pedro I, e no arco costumava abrigar-se das intempéries depois que ficou leprosa. Seus métodos de cura para este mal eram os mais terríveis e sujos. Passava pelo corpo o sangue dos cães e dos gatos que matava, e todas as noites ficava de guarda perto da Roda dos Expostos do Convento do Carmo para roubar os recém-nascidos nela deixados e levá-los para lugares ermos, a fim de chupar-lhes o sangue. Por isso chamavam-na de "Onça". Durante a noite a região passou a ser vista como um lugar que a bruxa atacava. Era um terror para os moradores da época, todo tipo de especulações corriam entre os populares e autoridades. Em meados dos anos 1830 as crianças pararam de desaparecer. Rapidamente correu entre a boca miúda que Bárbara havia morrido porque as crianças não mais sumiram.
No entanto, é importante destacar que a linha tênue entre os fatos históricos e as lendas populares muitas vezes se confunde, tornando difícil discernir a verdade por trás da figura de Bárbara dos Prazeres. Embora existam registros que atestem sua presença no Rio de Janeiro da época, poucos detalhes sobre sua vida foram preservados pela história oficial.
Alguns historiadores sugerem que Bárbara dos Prazeres pode ter sido uma vítima das circunstâncias, uma mulher marginalizada pela sociedade que encontrou na escuridão das ruas uma forma de sobreviver. Outros, no entanto, mantêm viva a lenda da Bruxa do Arco do Teles, alimentando o imaginário popular com histórias de terror e mistério.
Independentemente da verdade por trás dos mitos, o legado de Bárbara dos Prazeres perdura até os dias de hoje, ecoando através das ruas do Rio de Janeiro como um lembrete sombrio de um passado marcado pela violência, pela superstição e pela injustiça. Sua figura enigmática continua a fascinar e a assombrar aqueles que ousam adentrar nos recantos mais obscuros da história da cidade, lembrando-nos de que nem sempre a luz consegue dissipar as sombras que habitam o coração humano.
Imagem: Arco do Telles em 1922. Autor desconhecido. Fonte: IMS
Indicação de leitura: A bruxa do Arco do Teles por Justin Klaus Duncan. Disponível para leitura em Kindle no link: https://www.amazon.com.br/Bruxa-Teles-S%C3%A9rie-Contanto-Conto-ebook/dp/B082GHWPPN/ref=mp_s_a_1_1?dib=eyJ2IjoiMSJ9.4oR4_XVLC5TNL0aQyQChy2gYbPDHmOeQf8bSS33KwHPtTv8azQFO7GfYLoL0sbuQwvUyJ7mLhdUxcGi31lL5kn33U5DLGfqhke-6S7yCSqQ.L8hC1Uk1nBKdx6-mDaw7nJI6sB7FKYy1iH81H6Y6Xck&dib_tag=se&nodl_android=1&qid=1718285531&refinements=p_27%3AJustin+Klaus+Duncan&s=digital-text&sr=1-1
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